Um amigo tem um bar muito aconchegante, bem decorado, pequeno, aconchegante, cardápio variado com bebidas estupidamente geladas, petiscos premiadíssimos pelas principais revistas do mercado, poucos frequentadores, boa música, e inclusive podemos tomar a liberdade escolher o repertório musical que queremos ouvir no junkebox ou pelos músicos que chegam um pouco mais tarde. Para os mais atrevidos, podem até dar uma canja de seus dotes artísticos, muito bem acompanhados pelos músicos que tocam nas noites boêmias do bar.
Tomar meu relaxante muscular (cerveja) no final de tarde é um dos raros momentos de tranquilidade do dia, gosto de estar em ambientes em que eu me sinta bem, de preferência envolto na penumbra, acompanhado de uma bebida gelada, temperatura adequada. Nem precisa ter muita gente, pois o happy-hour é para ser degustado como uma rara iguaria e não há nada como sentar-se confortavelmente num lugar e dar aquele primeiro gole. Uhhhh é delicioso demais!! No happy não há formalidades como roupas, horários, acessórios ou regras, é sentar a aproveitar.
As vezes convido amigos para aproveitarem comigo estes momentos. Os assuntos rolam de acordo com a cultura e as vivencias dos interlocutores, criando verdadeiros sanduíches de proza, que quando formado por homens, falando de mulher, quando formado por mulheres, falando de homem, e na maioria das vezes com muito recheio de romance e sexo dentro. Muitos assuntos circulam numa mesa de bar e brindam a vida passando cultura de uma forma natural, sem a necessidade de aprofundar-se em ciências, pois cada um dispõe de suas ideias, romances, teses e vivencias naturalmente.
Os assuntos tornam-se interessantes, ainda mais quando o público ao redor vai aumentando. A cerveja vai relaxando e as belezas aumentando. Na maioria das vezes o que ocorre nas mesas ao redor não chama a atenção, a não ser quando surge aquela imagem que vai mudar todo o sentido da noite e quem sabe de uma vida toda. Como não quer nada, você de repente da aquela olhada geral para ver o que está acontecendo ao redor, ai naquela virada inesperada você da de cara com aquele olhar magnético, cheio de energia e mistério, que de imediato muda todo o sentido das conversas na mesa do bar e outros interesses começam a passar por seus pensamentos.
Naquele canto, naquela mesa, está aquela que faz o diferencial, e que de uma hora para outra você já nem presta mais atenção em quem está perto. No início são olhares, risinhos ainda contidos, acenos quase que imperceptíveis com a cabeça. Seu olhar cruza uma, duas, três vezes, aí seus ímpetos já não se contem mais. Sua vontade é de teletransportar-se ou ejetar-se para o lado daquela que despertou todos instintos possíveis.
Naquele canto, naquela mesa, está aquela que faz o diferencial, e que de uma hora para outra você já nem presta mais atenção em quem está perto. No início são olhares, risinhos ainda contidos, acenos quase que imperceptíveis com a cabeça. Seu olhar cruza uma, duas, três vezes, aí seus ímpetos já não se contem mais. Sua vontade é de teletransportar-se ou ejetar-se para o lado daquela que despertou todos instintos possíveis.
O papo ainda rola na mesa e você precisa tentar interagir mesmo que seus pensamentos estejam noutro lugar. Tudo que acontece na mesa ao lado chama infinitamente mais a atenção do que o mero papo com seus amigos. Aquela cruzada de pernas, ahhh, e que pernas; aquela sacudida nos cabelos, ahh e que cabelos; aquele gole no espumante em que você só consegue enxergar aqueles lábios carnudos pintando de batom a borda da taça. Aqueles olhos flamejantes que decoram aquele sorriso que parece dizer: eu quero você. Pronto, você chegou ao desespero total, já nem pensa em horários, compromissos, nem mesmo se o bar ta fechando ou qualquer outra coisa que o mundo lhe imponha. Seu foco agora é atração que aquele olhar magnético causou sob você.
Sua mente já imagina todas situações, aquelas cruzadas de pernas parecem intermináveis, alem daquele salto e daquelas meias 3/4, sua visão começa a virar de raio X e você já tá imaginando qual é o formato e a cor da lingerie que ela está usando, seus dentes trincam imaginando que ta tirando a calcinha dela com a boca. e ai seu amigo pergunta-lhe se você viu o gol daquele jogador que está fazendo sucesso. Putz, que banho de água fria. Nesse instante você dispensa a devida atenção a seus amigos novamente, afinal foi você que os convidou, ai o papo rola por mais um tempo com eles e você se distrai. Quando você lembra, olha novamente para outra mesa, percebe que aquela mulher que há pouco lhe transtornará os seus pensamentos não está mais ali. Novamente você enlouquece, não só por achar que perdeu a oportunidade, mas que nunca mais terá a oportunidade de encontrar aquela que poderia mudar os rumos de sua vida.
Que súbita perca de coragem é essa? Você nunca esquivou-se de ao menos tentar, foram tantas tentativas, acertos, erros, romances rápidos, flertes, beijos trocados entre uma dança e outra. A noite passa, seus amigos despendem-se e você fica ali sentando sem acreditar em sua incapacidade frente ao inesperado.
Novamente começa a percorrer seu olhar pelo ambiente como fosse uma biruta no meio da tempestade a procurar algo que diga para onde ela foi, quando de relance você olha e reconhece ao fundo do bar aquela mulher esplendorosa, linda, alta, bem vestida, sentada num sofá vermelho que acentua seu tom de pele. Ela levanta-se do sofá e caminha ao seu encontro, cada passo que ela dá, você fica mais estático, ela aproxima-se, coloca sua taça sob a mesa, pede licença e senta-se no lugar onde outrora seus amigos estiveram. Com aquele ar maravilhoso ela olha no fundo de seus olhos e pergunta: Você está lembrado de mim?
E agora? Quem é ela? Onde a conheci? Quem ela conhece?
(continua no texto: ... )
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